Otite fúngica em cachorro como identificar e tratar rápido para o seu pet
A otite fúngica em cachorro representa uma condição inflamatória do canal auditivo externo causada por infecção por fungos, principalmente do gênero Malassezia. Essa patologia é uma das causas frequentes de otites em cães e, por envolver microrganismos oportunistas com potencial de crescimento exacerbado em ambientes favoráveis, exige diagnóstico preciso e manejo cuidadoso para evitar complicações crônicas, alívio do desconforto do animal, e recuperação da qualidade de vida do pet e de sua família. Diante disso, é fundamental compreender profundamente a fisiopatologia, os fatores predisponentes, profilaxia e as opções terapêuticas, sempre com atenção às particularidades do canal auricular canino e à psicologia do tutor.
Conceito e Definição da Otite Fúngica em Cães
Otite fúngica é uma inflamação do ouvido externo causada por fungos que colonizam o epitélio do canal auditivo, promovendo uma resposta imune inflamatória. Em cães, essa condição se distingue da otite bacteriana, embora muitas vezes ocorra em associação com ela. O canal auditivo externo possui uma anatomia complexa, sendo um tubo cartilaginoso que termina no tímpano, revestido por pele fina e sensível, onde milhares de glândulas ceruminosas e sebáceas produzem cerúmen, formando uma barreira natural contra agentes infecciosos. A proliferação fungica desregula essa barreira, levando à inflamação, prurido intenso e, se não tratada, complicações graves, como otite média e interna.
Causas e Etiologia da Otite Fúngica em Cachorros
Entender as causas e a etiologia é essencial para o tratamento eficaz da otite fúngica em cães, pois a condição raramente é primária e geralmente decorre de fatores predisponentes. O principal agente etiológico é a Malassezia pachydermatis, um fungo comensal habitual da pele e mucosas dos cães, que torna-se patogênico em condições específicas. Menos comum, outros fungos filamentoso podem causar otites fúngicas, mas representando casos secundários a outras doenças.
Fatores Predisponentes Locais
Alterações na microflora do canal auditivo, excesso de umidade por banhos frequentes ou nadar, presença de cerúmen em excesso, corpo estranho, presença de lesões traumáticas no ouvido e conformação anatômica do canal — especialmente em cães com orelhas caídas, como Cocker Spaniel e Basset Hound — facilitam a colonização e proliferação fúngica. A umidade e o calor criam ambiente ideal para fungos, por isso, cães de ambientes quentes e úmidos estão mais suscetíveis.
Doenças de Base e Condições Sistêmicas
Otite fúngica pode ser secundária a alergias (atopia, alergia alimentar), endocrinopatias (hipotireoidismo, doença de Cushing), infestações por ectoparasitas, dermatite seborréica ou imunossupressão. Nesses casos, o comprometimento da barreira cutânea e da resposta imune favorece o crescimento fúngico e a inflamação crônica.
Sintomas e Sinais Clínicos da Otite Fúngica em Cães
O reconhecimento precoce dos sinais clínicos por parte do tutor é fundamental para evitar o avanço da otite e suas complicações. Na otite fúngica, os sintomas característicos refletem a inflamação e o desconforto severo sentidos pelo animal.
Manifestações Clínicas Locais
Prurido intenso, orelha frequentemente coçada ou sacudida, eritema (vermelhidão), edema do canal auditivo, secreção ceruminosa fétida, de coloração variável (amarelada, acastanhada ou esverdeada), e espessamento do tecido do canal são os sinais mais comuns. À otoscopia, observa-se hiperemia e descamação da pele canalicular, com possível presença de micélio fúngico e cerúmen excessivo com odor característico. Se a condição progredir, pode haver dor significante, tornando o animal retraído e desconfortável.
Sintomas Sistêmicos e Complicações
Embora rara, a disseminação da infecção pode causar febre, intoxicação e sinais neurológicos associados a otite média e interna, como ataxia e nistagmo. Além disso, o prurido constante pode acarretar traumas locais, feridas secundárias, e afetar o comportamento do cão, causando estresse tanto no animal quanto no tutor.
Diagnóstico e Exames Complementares para Otite Fúngica em Cães
O diagnóstico preciso da otite fúngica é imprescindível para estabelecer o tratamento correto e evitar o uso desnecessário de antibióticos ou terapias inadequadas, que podem agravar o quadro. A abordagem diagnóstica envolve avaliação clínica detalhada, exames locais e laboratoriais complementares baseados em evidência.
Exame Clínico e Otoscopia Veterinária
O exame físico específico do ouvido com otoscópio é o primeiro passo para visualizar alterações no canal auditivo externo e tímpano. Avalia-se o grau de inflamação, integridade do epitélio, presença de exsudato, corpos estranhos, e obstruções. A otoscopia direcionada permite colher material para exames laboratoriais com segurança.
Citologia Auricular Direta
A citologia do exsudato auricular é um exame rápido e essencial na rotina diagnóstica, permitindo identificar a presença de fungos (esporos, leveduras e micélios) e diferenciar dessas bactérias. A coloração com azul de metileno ou Dif-Quick evidenciará as estruturas fúngicas típicas, auxiliando na confirmação de otite fúngica e orientando o tratamento adequado.
Culturas Fúngicas e Bacteriológicas
Em casos crônicos ou refratários, o isolamento do agente etiológico por culturas permite identificar a cepa do fungo e sua sensibilidade aos antifúngicos, importante para casos de recidiva ou resistência. Culturas bacterianas são essenciais para determinar coinfecção bacteriana e evitar terapias ineficazes.
Exames Complementares Sistêmicos
Quando há suspeita de doenças sistêmicas subjacentes (alergias, endocrinopatias), exames laboratoriais como hemograma, perfil hormonal (TSH, cortisol), e testes alérgicos são indicados para abordagem multidisciplinar e controle das doenças associadas, fundamentais para o sucesso terapêutico da otite.
Tratamento e Opções Terapêuticas para Otite Fúngica em Cães
O tratamento da otite fúngica em cães deve ser orientado pelo médico veterinário e adaptado às necessidades individuais do paciente e à etiologia confirmada. O objetivo é eliminar o agente causal, controlar a inflamação e prevenir recidivas, sempre priorizando o bem-estar do animal, evitando tratamentos caseiros sem supervisão veterinária, que podem agravar a situação.
Limpeza Auricular e Manejo Inicial
Uma higienização cuidadosa e frequente do canal é necessária para remover material purulento, cerúmen e escamas, facilitando a penetração do medicamento tópico. A limpeza adequada deve ser executada com soluções específicas não irritantes, sob orientação veterinária, para evitar trauma do epitélio sensível do canal auditivo.

Medicação Tópica
Antifúngicos tópicos como aquelas apresentadas em formulações específicas para otite são a base do tratamento. Devem ser aplicados conforme indicação e seguindo o manejo veterinário rigoroso, que inclui determinação da via correta de administração e a duração apropriada para evitar resistência ou recidivas.
Tratamento Sistêmico
Em casos graves ou crônicos, pode ser necessária a administração de antifúngicos sistêmicos, sempre sob supervisão médica veterinária, considerando os potenciais efeitos adversos e necessidade de monitoramento laboratorial para função hepática e renal.
Tratamento das Doenças Subjacentes
Cuidados com patologias de base, como alergias, endocrinopatias e parasitoses, são imprescindíveis para impedir a perpetuação do ciclo de infecção fúngica, promovendo melhora clínica duradoura.
Cautela com Remédios Caseiros e Naturais
Embora muitos tutores busquem terapias naturais, essas estratégias não substituem o tratamento veterinário profissional, podendo, inclusive, causar irritação, alergia ou agravar a infecção. O uso desses produtos deve ser sempre informado ao veterinário para avaliação criteriosa.

Prevenção e Cuidados para Evitar Recorrência da Otite Fúngica
A prevenção da otite fúngica está intimamente ligada à manutenção da saúde do canal auditivo e controle das condições predisponentes. Após a fase aguda, estratégias preventivas são fundamentais para evitar recidivas, muito comuns nos casos de otite fúngica.
Higiene Auricular Adequada e Regular
A limpeza periódica, feita com produtos indicados pelo veterinário, previne o acúmulo de cerúmen e umidade, diminuindo o risco de proliferação fúngica. É importante evitar o excesso de limpeza, que pode agredir a pele do canal.
Controle de Doenças Sistêmicas e Ambientais
Manter alergias, endocrinopatias e parasitoses sob controle reduz significativamente o risco de otites. Além disso, evitar ambientes muito úmidos e garantir a secagem adequada das orelhas após banhos e natação são medidas simples e eficazes.
Acompanhamento Veterinário Regular
Consultas periódicas com o médico veterinário para avaliação auricular, principalmente em raças predispostas, ajudam na detecção precoce de alterações e impedem o desenvolvimento de otites crônicas.
Prognóstico e Evolução Clínica da Otite Fúngica Canina
Quando diagnosticada e tratada precocemente, a otite fúngica apresenta prognóstico favorável, com rápida resolução dos sinais clínicos e recuperação do conforto do animal. Entretanto, casos crônicos ou negligenciados podem evoluir para fibrose do canal auditivo, estenose, perda auditiva permanente e otite média/interna, acarretando sequelas irreversíveis e sofrimento prolongado.
Importância do Monitoramento e Seguimento
O acompanhamento rigoroso durante e após o tratamento permite avaliar a resposta terapêutica e ajustar o plano conforme necessário. A recidiva é comum e, portanto, deve ser abordada preventivamente, reforçando a adesão do tutor ao tratamento e recomendações veterinárias.
Resumo, Orientações Práticas e Considerações Finais para Tutores
A otite fúngica em cachorro pode causar desconforto significativo e impacto negativo na qualidade de vida do pet e de sua família. Seu manejo deve ser baseado em diagnóstico correto, que inclui exame clínico detalhado com otoscopia, citologia e, quando indicado, exames laboratoriais e culturais para identificação precisa do agente etiológico. O tratamento eficiente combina limpeza auricular cuidadosa, terapia antifúngica sob estrita supervisão veterinária e controle das doenças de base que predisponham à infecção.
Tutores devem estar atentos aos sinais de alerta como coceira intensa, sacudir as orelhas, odor desagradável, secreção e dor aparente, buscando avaliação veterinária imediata para evitar agravamento. Nunca realize automedicação ou aplique produtos sem prescrição, pois isso pode piorar o quadro. Cuidados domiciliares seguros incluem manter o ambiente seco e limpo, higienizar as orelhas conforme orientado e controlar os fatores predisponentes sistêmicos.
A relação de confiança com um médico veterinário dermatologista e otorrinolaringologista é fundamental para o seguimento prolongado, garantido a saúde auricular e bem-estar do cão. A utilização de recursos diagnósticos especializados, como oferecidos por laboratórios reconhecidos (por exemplo, laboratórios de referência como o Gold Lab Vet), auxilia na precisão dos exames e escolha das terapias mais adequadas, contribuindo para o sucesso do tratamento e prevenção eficaz.